Desde que estreou no catálogo da Netflix, a série original “Anatomia de um Escândalo” tem repercutido bastante entre os assinantes da plataforma de streaming. Com um enredo cativante e cheio de reviravoltas, o drama conta com 6 episódios em sua primeira temporada e marcou posição na lista de produções mais assistidas do serviço mesmo após dias do seu lançamento.
A trama da série acompanha as acusações feitas contra o parlamentar britânico James Whitehouse, que ocupava um cargo de importância no governo do Primeiro Ministro, que vem a ser seu melhor amigo. Tudo muda, entretanto, quando ele passa a ser acusado de estuprar uma funcionária no local de trabalho, e agora, ele deve enfrentar as ferrenhas acusações feitas pela advogada Kate Woodcroft, responsável pela acusação do caso frente ao júri.
Apesar da série apelar para alguns recursos já conhecidos da dramaturgia, muitas pessoas têm se questionado sobre a verdadeira origem dos acontecimentos da série: eles surgiram da mente de um roteirista bem inspirado, ou são baseados em fatos reais? São essas raízes e referências que são exploradas nos tópicos a seguir:
“Anatomia de um Escândalo” é baseada em fatos reais?
Se a pergunta exigisse uma resposta curta, ela seria “sim“: a série original “Anatomia de um Escândalo“ é baseada em fatos reais. A forma como essa adaptação acontece, entretanto, não é como muitos imaginam. Isso porque, apesar da série ser tida como uma revelação, seu roteiro é baseado em um livro de mesmo nome publicado pela autora britânica Sarah Vaughan.
O fato da série ser baseada em um livro, à primeira vista, faria com que muitos descartassem a possibilidade dela ser baseada na realidade. Mas é exatamente nesse ponto que está um dos principais destaques da obra: durante anos de sua carreira como jornalista, Sarah Vaughan trabalhou cobrindo casos que corriam na Corte britânica, e todas essas referências fazem parte do que inspirou os acontecimentos de “Anatomia de um Escândalo“:
Eu vi como escândalos sexuais envolvendo políticos estouraram e repercutiram. Eu estava no lobby quando o Secretário de Interior David Blunkett foi exposto pelas Notícias do Mundo por ter um relacionamento com a editora do Spectator; e eu vi Boris Johnson negar e mais tarde admitir ter mentido sobre seu caso como Petronella Wyatt.
Em uma conversa sobre o lançamento do seu livro, ainda em 2018, a escritora voltou a ressaltar sobre como esses casos influenciaram a obra: “Foi ao me tornar uma corresponde política que eu me tornei ainda mais consciente do poder, privilégio e direito – todas as questões que estão no coração de ‘Anatomia de um Escândalo‘”.
Apesar de ser generalista ao comentar sobre a trama do livro e da série, existem alguns casos cobertos pela autora que acabam ganhando destaque entre as referências. Conheça, a seguir, alguns escândalos que certamente tiveram influência sobre “Anatomia de um Escândalo”:
Algumas referências que embasaram a série da Netflix
Como já citado pela própria autora em entrevistas, os escândalos passados que envolveram Boris Johnson, atual Primeiro Ministro do Reino Unido, foram cobertos por ela durante sua profissão de jornalista. Nesse sentido, a sempre controversa amizade do parlamentar com o político David Cameron, que também já assumiu o cargo, certamente serve de inspiração para a série.
Tal como James Whitehouse e Tom Southern, o Primeiro Ministro da série, Johnson e Cameron passaram o tempo de suas juventudes estudando nas universidades de Eton e Oxford, e lá, nutriram uma amizade que se desenvolveu através dos anos. Essa relação, inclusive, garantiu que os erros cometidos por ambos fossem frequentemente acobertados um pelo outro no futuro.
Siena Miller, que interpreta Sophie Whitehouse na série da Netflix, percebeu a utilização dessa referência e citou que as histórias realmente se parecem em alguns pontos: “Eles receberam a melhor educação, as melhores vantagens da vida desde o início. Eu meio que senti que eles, em alguns momentos, agiram com impunidade ou um conjunto de regras diferentes para eles em relação aos outros”.
Entre os escândalos citados por Sarah Vaughan que certamente inspiraram a série da Netflix foi a relação mantida por Boris Johnson com Petronella Wyatt, a quem ele negou se relacionar ao ser questionado por jornalistas. O escândalo, entretanto, tomou novas preocupações quando surgiram os rumores sobre dois abortos sofridos pela amante de Johnson.
Outro escândalo citado pela autora do livro que inspirou a série foi o do Ministro do Interior David Blunkett . Poucos meses após a eleição, em 2004, foi revelado que o parlamentar mantinha uma relação com a jovem Kimberly Fortier, que era casada. O escândalo foi tão grande que foi capaz de fazer com que o político assinasse sua carta de demissão do cargo.
Por fim, outra referência utilizada pela série que também é baseada no mundo real é a existência do Clube dos Libertinos, frequentado por James Whitehouse e o Primeiro Ministro. O grupo é baseado em uma organização real, intitulada “Bullingdon Club“. Com reuniões frequentes na Universidade de Oxford, os participantes se encontravam para beber, caçar e jogar cricket.
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