Entendendo o final de ‘7 Prisioneiros’, novo filme da Netflix

O filme brasileiro 7 Prisioneiros estreou na última quinta-feira na Netflix e está no top 10 de produções mais assistidas da plataforma. Se você já deu uma conferida nesse drama com Rodrigo Santoro, talvez não tenha entendido muito bem o final e é por isso que iremos explicá-lo melhor nesse artigo.

Com direção do cineasta Alexandre Moratto (Sócrates), 7 Prisioneiros traz à tona um tema espinhoso e pouco explorado no cinema, ainda que faça mais parte da realidade do Brasil e de outros tantos países do que gostaríamos de acreditar.

Com um roteiro forte e impressionantemente realista, essa obra nacional tem conquistado críticos ao redor do mundo desde sua estreia no Festival de Veneza em outubro desse ano. O público em geral também tem rendido vários elogios ao longa, ainda que justamente o seu final tenha divido opiniões.

Confira a seguir uma explicação sobre o desfecho, além de uma breve opinião crítica sobre o filme.

Final de 7 Prisioneiros

7-PRISIONEIROS final

Conforme acompanhamos os quatro garotos conhecendo suas novas realidades e o perigo que suas famílias correm caso tentem fugir, também fica claro que o protagonista Matheus (Christian Malheiros) entra em um dilema ético.

Ao ir ganhando a confiança do chefe do ferro-velho, Luca (Rodrigo Santoro), inicialmente é perceptível que ele parece ter um plano concreto para libertar seus colegas e a si mesmo.

Uma das interpretações para o comportamento do jovem é justamente que ele parece estar conquistando uma posição confiável e de certa afeição com Luca, aguardando um momento em que o bandido baixe a guarda, o que realmente acaba por acontecer.

No entanto, é justamente esse momento o divisor de águas desse roteiro, que acaba por carimbar o final que, apesar de duro, é o mais próximo possível da realidade.

Ao retornarem de uma noitada de bebedeira, Matheus ajuda Luca a chegar ao seu alojamento, onde poucos instantes depois, o traficante de pessoas acaba caindo em um sono pesado. Essa foi a chance tão aguardada por Matheus para livrar seus colegas do cárcere e da vida cruel que vinham levando a meses.

No entanto, após refletir um pouco, o jovem decide por continuar as operações escravistas no ferro-velho, coordenando os colegas até que o “chefe” acorde.

Essa atitude tem grande explicação no que foi vivido na noite anterior e dias anteriores entre os dois. Um dia antes, Matheus fica sabendo que Luca tem enviado grande quantidade de dinheiro à sua família no interior, desde que ele começou a ajudar nas operações de tráfico de pessoas. Ele percebe que o chefe tem visto nele um “parceiro de negócios”, inclusive incentivando um futuro com mulher e filhos para Matheus, além de enviar ajuda constante para sua mãe quando ambos estão na boate.

Dessa forma, naquele momento de reflexão antes de decidir se matava seu carcereiro e libertava os prisioneiros, fica claro que Matheus percebe que ele próprio já não está na mesma posição que seus colegas. Ele entende que tem grandes chances de conquistar uma posição permanente longe da pobreza de sua infância, tanto para si quanto para sua família. Sendo assim, se optar pela decisão ética, apesar de garantir liberdade para si e os colegas, essa chance deixa de existir.

Apesar da decisão, a culpa do garoto também é notável, já que, ao levar os sanduíches para os prisioneiros, ele parece estar tentando aliviar um pouco desse peso e tentando provar para si mesmo que não é como Luca, ainda que ambos tenham tido uma história de vida parecida.

Essa tentativa cai por terra quando um dos colegas foge, e, sem pensar duas vezes, Matheus o persegue, o prende e acaba fazendo a ligação para que um dos parceiros do esquema em outra cidade “dê um susto” na família do fugitivo. Com isso, o dilema do protagonista é concluído, expondo que seu caráter foi realmente quebrado em troca de ganhos futuros, o que alguns podem chamar de “instinto de sobrevivência” a qualquer custo.

Por fim, vemos Matheus deixando o ferro-velho ao lado de Luca e abandonando seus antigos colegas na mesma situação escrava. O protagonista decide por salvar sua própria pele, dando a entender que terá um longo futuro de ganhos no mesmo esquema desumano do qual ele foi vítima inicialmente. Com aparente dor no coração, é verdade, ainda assim ele escolhe uma escalada de vida similar ao que seu “chefe” teve no passado.

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E então, o que você achou de 7 Prisioneiros e de seu final? Você está no time que acha que o filme acabou perfeitamente demonstrando a verdade nua e crua da vida, ou no time que odiou o desfecho?

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Aline ResendeFormada em Marketing e pós graduanda do curso de Língua Portuguesa e Literatura. Trabalha na área de comunicação como Criadora de Conteúdo além de fazer trabalhos de atuação e locução para materiais em vídeo. Pseudo-cinéfila e apaixonada por todo universo Geek.
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