Bastante premiada e elogiada no Emmy 2021, a série O Gambito da Rainha é considerada disparadamente uma das melhores produções da Netflix. E embora seja apresentada como uma série puramente ficcional, um recente processo aberto por uma famosa enxadrista levantou uma pergunta que já estava há muito enterrada: O Gambito da Rainha é ou não baseada em fatos reais?
Isso é o que você vai descobrir nesta matéria do Tech News Brasil! Continue lendo, descubra se O Gambito da Rainha é inspirada em fatos reais e conheça o processo legal aberto contra a Netflix por uma enxadrista georgina!
O Gambito da Rainha é baseada em fatos reais?
A resposta é: a princípio, não. A série O Gambito da Rainha, original da Netflix e protagonizada por Anya Taylor-Joy, é uma adaptação de um romance de mesmo nome de Walter Tevis publicado em 1983.
Porém, há vários elementos reais na série. Isso porque o autor do romance se interessava bastante por xadrez e praticou o esporte por muito tempo. Para criar a extremamente inteligente personagem principal, Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), Walter Tevis já declarou publicamente que se inspirou em sua irmã (com quem jogava), em sua tia (que lhe deu o primeiro conjunto de xadrez de sua vida), em sua esposa, em sua filha etc. Ou seja, ele usou como inspiração mulheres igualmente destemidas e inteligentes com as quais conviveu ao longo de sua vida, e não uma personalidade real do Xadrez.
Já o fato de a personagem principal ter dependência em remédios tem características autobiográficas: quando criança, o autor Walter Tevis foi diagnosticado com uma doença cardíaca reumática e precisou tomar várias e várias doses de remédios pesados no hospital. Ele usou esse acontecimento real de sua vida para criar a dependência de remédios de Beth Harmon no livro (e consequentemente na série) O Gambito da Rainha.
Porém, apesar de a série aparentemente não ser inspirada em uma história real, de uma enxadrista de verdade, uma notícia ganhou os noticiários há algum tempo: uma famosa enxadrista profissional abriu um processo contra a Netflix por ter sido difamada na série.
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O processo contra a Netflix pela série O Gambito da Rainha
Quem abriu recentemente um processo contra a Netflix pela série O Gambito da Rainha foi a enxadrista georgina Nona Gaprindashvili, considerada uma das mais brilhantes jogadoras de xadrez da história e que fez bastante sucesso especialmente na década de 1970.
O motivo do processo foi uma fala que um dos narradores faz sobre Nona Gaprindashvili no episódio final da série, afirmando o seguinte:
A única coisa incomum sobre [Beth Harmon], realmente, é seu gênero. E mesmo isso não é único na Rússia. Há Nona Gaprindashvili, mas ela é campeã mundial feminina e nunca enfrentou homens.
Essa informação apresentada no episódio final de O Gambito da Rainha, além de sexista, é falsa: Nona Gaprindashvili é realmente campeã mundial apenas na competição feminina, mas ela havia competido profissionalmente com diversos homens, inclusive Grandes Mestres, já na época em que o episódio é ambientado (1968).
Embora não dê para saber se essa informação sobre Nona Gaprindashvili foi apresentada propositalmente de forma errada (para dramaticamente tornar Beth Harmon ainda maior do que ela já aparentava ser na série) ou se foi um descuido da produção, o trecho em questão foi realmente bastante infeliz e motivou a jogadora a abrir um processo contra a Netflix por difamação.
Além disso, esse detalhe evidencia um dos principais problemas de O Gambito da Rainha: embora seja apresentada como uma série que aborda o cenário competitivo do xadrez de forma fiel à realidade, haveria muito mais resistência por parte dos jogadores masculinos e até mesmo pela Federação de Xadrez a uma jogadora mulher ganhando tanto destaque e protagonismo, vencendo os melhores jogadores da época, do que o que foi apresentado na série.
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