Desde quinta-feira (5), quando Rick Riordan surpreendeu os fãs de “Percy Jackson” com a revelação dos atores que interpretariam Annabeth Chase e Grover Underwood na série original do Disney+, o nome da atriz estadunidense Leah Sava Jeffries (Rel; Empire) tem estado em alta nas redes sociais. Motivos para isso não faltam, já que a estrela mirim foi selecionada para viver a Filha de Atena tão amada pelos fãs da saga.
Com um talento nato que impressionou a equipe de escalação da série, a atriz de 12 anos promete acrescentar ainda mais vida e autenticidade a uma personagem que merece toda atenção possível. É justamente reconhecendo as habilidades de Jeffries e seu potencial como atriz que o Sobre Sagas pode dizer: apesar de divergir de alguns pontos do livro, ela é a escolha perfeita para o papel – e nós podemos provar:
Série é uma adaptação – e não uma reprodução
O primeiro ponto que merece a atenção dos fãs de “Percy Jackson” é que, apesar de se propor a ser fiel ao conteúdo original, a produção do Disney+ é uma adaptação. É comum que ao ver seus livros ganhando vida na tela, muitos espectadores critiquem a forma como a história é guiada. Usualmente, o material de base sempre é tido como mais amplo, complexo e fluido do que suas devidas adaptações.
Ao se tratar dos semideuses – ou percystentes, como preferirem – esse problema é ainda mais complexo: as adaptações dos livros feitos pela 20th Century Fox desrespeitam o cânone apresentado por Riordan em sua obra. Por esse motivo, é comum que muitos queiram que a série seja quase uma reprodução daquilo que leram quando mais jovens . Nesse ponto, contudo, é preciso dizer: isso é impossível.
O processo de adaptação de uma mídia para outra implica, necessariamente, em alterações. Não é atoa que Rick Riordan, mesmo com a ajuda de uma competente sala de roteiristas, tenha desprendido tanto tempo nos roteiros da série. Nesse sentido, a pergunta que deve ser feita é: as mudanças que ocorreram são plausíveis e justificadas, ou não?
Escolha de Leah como Annabeth é mais que justificada: é necessária.
A princípio, é necessário pontuar que as próprias políticas de escalação para atores da Disney já almejam, antes de mais nada, a diversidade. Nas chamadas de elenco para o trio de atores principais, a direção de elenco da série já esclarece que o processo busca por “artistas qualificados, independentemente de deficiência, gênero, raça e etnia, idade, cor, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero”.
Para compreender a importância de Leah Sava Jeffries como Annabeth, entretanto, é necessário voltar no tempo: mais precisamente para 2005, quando Rick Riordan publicou “Percy Jackson e os Olimpianos: O Ladrão de Raios“. Na época, quando grandes sagas como “Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis” tomavam conta dos cinemas, pouco se falava sobre representatividade, infelizmente.
Ainda a esse respeito, vale salientar que Rick Riordan foi sim um dos primeiros autores infanto-juvenis a introduzir representatividade efetiva em seus livros. Quem já leu “Percy Jackson” sabe que vários personagens importantes para a saga – como Charles Beckendorf e Nico DiAngelo – representam comunidades que sempre mereceram se ver representadas em histórias que tanto amam.
Voltando ao presente, é possível dizer que, atualmente, a indústria cinematográfica é imbuída de uma responsabilidade social ainda maior, e nesse sentido, ter elencos cada vez mais diversos é sempre visto com bons olhos. Por esse moivo, ter dois co-protagonistas de diferentes etnias é um grande acerto da série original.
Como relatamos em 2020, a própria Becky Riordan – produtora da adaptação e esposa de Rick – já comentou sobre como a produção mudaria alguns elementos que são considerados vitais. “Nós teremos muita representatividade e um consultor de sensibilidade já foi recomendado”, relatou Becky na época. A escalação de Leah como nossa sabidinha, portanto, foi uma decisão intrinsecamente planejada, justificada e plausível – e ninguém melhor que o próprio Rick Riordan para reconhecer isso.
Rick Riordan garante: a Sabidinha chegou!
Para além das primeiras geração de leitores assíduos da saga – onde o autor dessa matéria orgulhosamente se inclui – existe uma pessoa que conhece Annabeth Chase há muito mais tempo que os demais: Rick Riordan. Por esse motivo, é claro que não existe melhor pessoa para reconhecer o mérito da escolha do que o próprio autor da saga. Acerca desse tema, Riordan é bem enfático:
“Leah é exatamente como eu imaginei Annabeth nos livros: esperta, forte e corajosa, uma verdadeira filha de Athena que tem zero paciência para as bobagens de um certo Cabeça de Alga. Enquanto assistia sua atuação com Walker e Aryan, eu vi Annabeth Chase ganhar vida. Assim que vocês a verem na tela, vocês saberão do que estou falando. A Sabidinha chegou!”
Para além do que é escrito, a publicação de Rick em seu site é clara como água ao estabelecer que, muito além da aparência física, diversas características são inerentes a uma boa Annabeth Chase. Ao que parece, Leah Sava Jeffries cumpriu todos os requisitos para o autor – e esse veredito vale muito.
Uma recomendação aos fãs mais nostálgicos
Antes de mais nada, é necessário reconhecer que é compreensível que alguns fãs nostálgicos queiram que os mínimos detalhes do que leram nos livros ganhem vida nas telas de TV. Principalmente entre aqueles que, no auge de seu fanatismo, tiveram que lidar com as decisões criativas que a Fox impuseram à saga. Dito isso, é necessário também reconhecer que a escalação de Leah Sava Jeffries encontra respaldo em todos os pontos que embasam uma boa decisão criativa.
Para além de sua habilidade impecável em personificar Annabeth – ponto destacado pelo próprio escritor – a presença de Jeffries como uma das personagens mais autênticas, sábias e corajosas da série fará com que milhares de jovens garotas negras se sintam representadas por essa história. Nesse ponto, não há fidelidade absoluta à história ou nostalgia de fã que supere o mérito dessa conquista.
O que cabe aos fãs, portanto, é celebrar os méritos e as conquistas dessa escolha. Talentosa desde muito pequena, Leah Sava Jeffries promete trazer muita vida, autenticidade e realismo a essa personagem que todos amam. É com muita esperança que essa matéria dá as boas vindas à essa personagem única, e reconhece que não poderia existir uma melhor escolha. A Sabidinha chegou para ficar.
CONFIRA Também:
Percy Jackson | Por que Walker Scobell é a escolha perfeita para o papel?
