Review | Vale ou não a pena jogar Grand Chase Classic?

Confira aqui a nossa review sobre Grand Chase Classic e descubra se vale ou não a pena jogar este (re)lançamento da KOG Studios!

Tela de carregamento do Grand Chase Classic (Imagem: Divulgação/KOG Studios)

Em 27 de julho de 2021, a empresa sul-coreana KOG Studios lançou Grand Chase Classic, game que tinha como promessa a de revitalizar Grand Chase, jogo que fez bastante sucesso entre 2006 e 2015, em particular no Brasil, tendo sido trazido para cá pela já extinta Level UP! Games. Mas será que a promessa foi cumprida?

Isso é que você descobre neste review completo de Grand Chase Classic que o Tech News Brasil preparou! Confira!

O que achamos de Grand Chase Classic?

Grand Chase marcou a infância e a adolescência de muitos brasileiros. Por conta disso, muitos resolveram dar uma chance ao relançamento do game pelo fator nostalgia, animados com a possibilidade de voltar a jogar com personagens queridos em cenários memoráveis.

Por conta disso, Grand Chase Classic bateu quase 79 mil jogadores na Steam no primeiro dia, sendo um dos mais jogados da plataforma. Atualmente, o game conta com a triste média diária de aproximadamente 5.000 jogadores. Hoje (08), data de lançamento do segundo personagem, Ronan, ele alcançou um pouco mais de 10,000 jogadores, um número provavelmente bem abaixo do que a KOG esperava para o evento de lançamento de um novo personagem.

Quando baixamos o game pela primeira vez, há algumas semanas, a nostalgia bateu forte. O mesmo mapa, os mesmos cenários, as mesmas músicas, a mesma interface, a mesma jogabilidade. Porém, depois de algumas poucas partidas pelos cenários iniciais da região de Serdin, a primeira do game, já era possível concluir que não, o game não era mais o mesmo.

As piores decisões possíveis

Isso porque, infelizmente, a KOG Studios tomou o que parece ser as piores decisões possíveis nesse relançamento de Grand Chase. Em vez de relançar o jogo da maneira como ele terminou em 2015, com todos os personagens e cenários já lançados anteriormente e trabalhar em novos conteúdos a partir daí, a empresa resolveu fazer uma espécie de reset.

Quando Grand Chase foi fechado em 2015, o jogo contava com cerca de 20 personagens jogáveis, cada um com habilidades e características únicas. Neste relançamento de 2021, apenas os quatro primeiros estavam disponíveis: Elesis, Arme, Lire e Lass. E onde estão todos os outros? Pasmem: a KOG Studios resolveu lançá-los aos poucos, com intervalos de 3 semanas entre cada um deles. E ainda passou a divulgar nas redes sociais imagens com as silhuetas dos próximos personagens a serem lançados (veja um exemplo aqui), como se fosse mistério para alguém algo que foi lançado originalmente há mais de uma década.

A tela de seleção de personagens de Grand Chase Classic (Captura: Alexandre Garcia Peres | Tech News Brasil)
A tela de seleção de personagens de Grand Chase Classic (Captura: Alexandre Garcia Peres | Tech News Brasil)

O mesmo se aplica ao mapa: dos 09 continentes disponíveis na época de fechamento do game (Serdin, Canaban, Terra de Prata, Elia, Xênia, Áton, Arquimídia, Frosland e Trivia), apenas os cinco primeiros estavam disponíveis no lançamento. Os demais estão sendo adicionados ao game a cada grande atualização.

O mapa de Grand Chase Classic (Captura: Alexandre Garcia Peres | Tech News Brasil)
O mapa de Grand Chase Classic (Captura: Alexandre Garcia Peres | Tech News Brasil)

Além dessas duas estratégias incompreensíveis, a KOG Studios foi além e tomou várias outras. Como, por exemplo, lançar os personagens de forma extremamente desbalanceada. A sua personagem favorita era a Elesis? Pois você vai se sentir meio burro optando por jogar com ela, já que ela está bem mais fraca do que os demais personagens. Seu personagem favorito era o Ryan? Boa notícia: ele ficou extremamente roubado, especialmente com a transformação da segunda classe. Mas só na semana de lançamento. Depois disso a KOG percebeu a cagada e o nerfou violentamente.

Ou ainda não mexer em nenhuma linha de código do game, permitindo que o game sofra de um mesmo mal que sofreu no passado: a presença excessiva de hacks. Boatos de que é possível até mesmo usar hacks de seis ou sete anos atrás, porque a empresa literalmente não mexeu um músculo para tornar o jogo mais seguro nesse sentido.

Ou ainda remover a possibilidade de comprar equipamentos com GP (a moeda gratuita do game), exigindo que o jogador consiga as armaduras, calças, capacetes e armas nas missões, com um drop rate baixo e com a possibilidade de conseguir o equipamento com status zoados. Ah, e o inventário obviamente é limitado e não é compartilhado entre os diferentes personagens.

Ah, ou ainda, sabendo que a maior parte do público é composta por brasileiros, lançar vários servidores chamados “America-South”, mas sem que eles estejam realmente na América do Sul. Em vez disso, eles estão todos em Miami, ou seja, no Sul, mas no sul dos Estados Unidos. Em outras palavras, você certamente vai sofrer com lag, especialmente no PVP, que atualmente está injogável, mesmo sendo uma das poucas maneiras de ganhar XP e bons equipamentos depois de determinado nível.

Enfim, já deu para entender por que afirmamos que a KOG Studios tomou as piores decisões possíveis, não é mesmo? E olha que nem mencionamos o fato de a empresa ter removido a esquiva de quase todos os personagens (de alguns não, por razão), não ter um sistema de recompensas diárias e os… bugs

Os bugs

Em relação aos bugs, eles, por incrível que pareça, até que não atrapalham tanto a jogabilidade. Um jogador médio talvez não perceba muitos, embora eles estejam presentes no game.

Há bugs bem bobinhos, como por exemplo: se você conjurasse um Totem da Terra com Ryan nos primeiros dias de lançamento do personagem, a partida ia começar a dar umas travadas fortes, especialmente na hora de cortar os diálogos ou de avançar para a próxima tela. Isso só com o Totem da Terra, com os demais estava tudo certo.

Já outros bugs, ainda não corrigidos, incomodam bastante. Às vezes, quando você aperta “pronto” em partidas em grupo, o líder da sala simplesmente não recebe a notificação. Ou, caso você esteja no Servidor 5, volte para tela de seleção de servidores e escolha novamente o Servidor 5, o jogo vai bugar e fechar por você ter se desconectado do servidor sem entrar em outro (vale para qualquer servidor, não apenas para o 5). E o pior: há chances de você ser banido por isso caso o falho sistema anti-cheat da KOG compreenda, por alguma razão, que você esteja usando hack…

Mas até que a KOG Studios está trabalhando para consertar esses problemas. Devagar, mas está.

Preços abusivos

Preços atuais do VP, moeda paga de Grand Chase Classic (Captura: Alexandre Garcia Peres | Tech News Brasil)
Preços atuais do VP, moeda paga de Grand Chase Classic (Captura: Alexandre Garcia Peres | Tech News Brasil)

Infelizmente, a impressão que dá é que Grand Chase Classic foi feito como uma tentativa da KOG de arrancar mais uma lasquinha de dinheiro com o jogo antes que ele caia no abismo do esquecimento. E o pior é que nem nisso ela acertou…

Como já comentamos anteriormente, grande parte da base de jogadores de Grand Chase é brasileira. E pasmem: os valores de compra do VP, moeda paga do game, não foram adaptados para a realidade brasileira. Sim, eles estão com base nos preços em dólar. E, como você deve saber, o dólar está caríssimo no Brasil hoje em dia (R$ 5,32 na data de publicação dessa review).

Os preços do VP são atualmente os seguintes:

  • 5.000 VP — USD$ 5.4 (aprox. R$ 28,74)
  • 20.000 VP — USD$ 20.4 (aprox. R$ 108,58)
  • 60.000 VP — USD$ 58.8 (aprox. R$ 312,96)
  • 120.000 VP — USD$ 104.4 (aprox. R$ 555,67)

E o mais engraçado é que nem mesmo comprando a última opção há a certeza de que você vai conseguir todos os itens visuais de um determinado sistema de recompensas. É mole?

E o que a KOG Studios pensa de tudo isso?

Ao que tudo indica, jamais saberemos. Por ser uma empresa sul-coreana, a comunicação com o público brasileiro, que compõem a maioria da base de jogadores, está bastante prejudicada. Especialmente porque a empresa parece não ter a menor intenção de estabelecer essa comunicação (afinal, não investiram nem mesmo em um servidor na américa latina, quem dirá em um canal de comunicação).

Para tentar salvar o Grand Chase Classic, os jogadores subiram há algumas semanas a hashtag #SaveGrandChase, aliada a uma greve organizada pelos jogadores, que não acessaram o game ao longo de um fim de semana. E obviamente isso não surtiu efeito nenhum. A única mudança na época foi o lançamento de um novo sistema de recompensas (aparentemente sem querer, porque não era possível ativá-lo, mesmo ele estando visível).

Conclusão

Com base em tudo o que mencionamos, e com uma certa tristeza no coração, o nosso veredito é que não, não vale a pena jogar Grand Chase Classic. Exceto por um ou dois dias, apenas para matar a saudades. Caso não seja suficiente, você pode até mesmo recorrer a algum servidor privado (há alguns bons servidores brasileiros privados). Apesar de também sofrerem com alguns problemas, são bem mais balanceados e completos, por incrível que pareça.

Por ora, finjamos que Grand Chase Classic é um delírio coletivo em meio a vários outros aparentes delírios coletivos de nossos tempos e que o verdadeiro e merecido relançamento do game ainda está sendo planejado pela KOG Studios. É isso ou encarar a dura realidade de que Grand Chase Classic é real e que provavelmente não vai durar até dezembro desse ano…

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Editor, redator e revisor da WebGo Content, graduado em Letras – Português/Inglês. Tem experiência com redação e revisão de textos para Web. Apaixonado por poesia, literatura, games, tecnologia e gatos.

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