Memórias de uma Gueixa: conheça a história real que inspirou o filme

Memórias de uma Gueixa chegou à Netflix nessa semana, e mesmo sendo um filme razoavelmente antigo (2005), está fazendo muito sucesso na plataforma. E para você que já conferiu o longa, sabia que ele é inspirado na história real de uma gueixa verdadeira?

O filme no caso é baseado no livro homônimo escrito por Arthur Golden, que escreveu um romance ficcional inspirado na vida de Mineko Iwasaki, conhecida como a gueixa mais famosa do Japão. 

A obra de Golden acabou se tornando centro de uma polêmica com sua musa inspiradora, assunto que também falaremos melhor abaixo.

Confira a história real que inspirou a criação de Memórias de uma Gueixa.

A infância de Mineko

Descontente com a forma como as gueixas, e principalmente como sua história real acabou sendo usada em Memórias de uma Gueixa, Mineko Iwasaki decidiu escrever sua própria biografia no livro Minha Vida como Gueixa, onde conta sua história real e a verdadeira cultura das gueixas.

Ao contrário do que é mostrado no livro e filme Memórias de uma Gueixa, o ato antigo de “vender” filhos para Casas de Gueixa nunca foi algo abominável no Japão. Na verdade, essa era uma forma de pais de origem humilde garantir que seus rebentos teriam uma boa criação e uma futuro promissor.

Esse foi o caso dos pais de Mineko (na época com o nome de Masako Tanaka) que com uma família grande não tinham condições de manter a todos. Dessa forma, não só Masako, mas também suas irmãs mais velhas, foram entregues a uma dessas casas em Quioto, no Japão, quando eram muito pequenas.

Não demorou para que a dona da casa percebesse a facilidade da menina para aprender dança e outras lições tradicionais e decidisse adotá-la legalmente e deixá-la aos cuidados de uma das gueixas mais famosas da casa (que era uma de suas irmãs biológicas mais velhas). Dessa forma, Masako teve seu nome mudado para Mineko Iwasaki.

O treinamento como Gueixa

memorias-de-uma-gueixa-conheca-a-historia-real-que-inspirou-o-filme
A verdadeira Mineko Iwasaki quando jovem.

A arte milenar das gueixas começa a ser ensinada as meninas desde crianças e vai evoluindo em fases até que elas estejam prontas para ser “apresentadas à sociedade”. No caso de Mineko, ela se tornou uma maiko (aprendiz de gueixa) aos 15 anos, que foi quando começou a frequentar as casas de chá e outros points de entretenimento em Quioto.

Já aos 16 anos, ela passou a ser conhecida com a aprendiz de gueixa mais famosa do Japão, o que só se consolidou quando ela recebeu o status de Gueixa aos 21 anos.

Uma das coisas que parecem não ter sido alteradas no livro de Golden em comparação com a realidade é o quão rígido são os costumes do dia-a-dia de uma gueixa, especialmente com sua aparência.

Coisas como dormir em travesseiros de madeira para não estragar o penteado que deveria estar sempre perfeito, nunca ter nenhum pelo no rosto e em algumas partes do corpo, realmente fazem parte dos costumes dessas profissionais artistas do Japão.

Além disso, as jornadas de trabalho exaustivas também são uma realidade, e inclusive foi o motivo tanto da aposentadoria precoce de Mineko, aos 29 anos, quanto de um movimento liderado por ela por melhores condições de trabalho para essas profissionais.

A vida amorosa da gueixa mais famosa do Japão

Um fato que pode ser uma decepção para quem gostou do romance de Sayuri O Presidente em Memórias de uma Gueixa, é que essa história é pura ficção.

Na vida real, Mineko até chegou até um “relacionamento proibido” com o ator Shintaro Katsu, que assim como o Presidente, era muito mais velho que ela. Mas ela só o conheceu e se apaixonou aos 21 anos, e não quando criança como o narrado no filme.

Os dois mantiveram a relação em segredo durante algum tempo, pois ele era casado. Mas quando ela percebeu que ele não se divorciaria, terminou tudo e cada um seguiu seu caminho.

Foi só após sua aposentadoria forçada, depois de um grave problema renal, que Mineko conheceu seu futuro marido. Eles se casaram em 1982 e tiveram a primeira filha um ano depois.

O descontentamento e polêmicas com Memórias de uma Gueixa

Mineko nunca escondeu a sua infelicidade com as obras Memórias de uma Gueixa, isso porque ela alega que Golden não cumpriu o acordo que firmou com ela para escrever o livro.

Acontece que para escrever sua obra, Arthur Golden entrevistou várias gueixas, com o intuito de entender melhor a cultura dessas profissionais, e uma delas foi Mineko.

Porém, como uma das regras mais rígidas entre as gueixas é o sigilo, Mineko pediu para que seu nome jamais fosse revelado como uma das fontes de Golden, o que o autor não cumpriu,  direcionando vários agradecimento à ela em seu livro e dando diversas entrevistas revelando-a como sua principal inspiração.

Isso rendeu muitos problemas para Mineko, que chegou a receber ameaças de morte em seu meio por ter revelado segredos da profissão.

Para além disso, outros grandes desgostos da ex-gueixa foi o fato da protagonista de Memórias de uma Gueixa ser claramente baseada em sua história real de vida, com passagens idênticas as vivenciadas por ela, e principalmente, a forma com a profissão de Gueixa é retratada com um grande paralelo com prostitutas.

A artista ficou furiosa com a passagem do livro que mostra a jovem gueixa “leiloando” a virgindade. Segundo ela, esse é um costume que nunca existiu na profissão, e que ela mesma nunca passou por isso.

Mineko processou o autor do livro em 2001 e em 2003 ambos firmaram um acordo judicial.

CONFIRA Também:

Borgen: o Reino, o Poder e a Glória já está disponível na Netflix! 5 coisas que você precisa saber sobre

Aline ResendeFormada em Marketing e pós graduanda do curso de Língua Portuguesa e Literatura. Trabalha na área de comunicação como Criadora de Conteúdo além de fazer trabalhos de atuação e locução para materiais em vídeo. Pseudo-cinéfila e apaixonada por todo universo Geek.
Fechar